— Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento e os poderes dos céus serão abalados. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem. Todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos, com grande som de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus.Mateus 24:29-31
A exposição desta reflexão inicia-se com o fim – e suficiência – das palavras do próprio Jesus. Dito de outro modo, a reflexão termina quando terminam as palavras de Jesus, e não as minhas. Acredito que seja suficiente a percepção de cada um ao ler o que Jesus disse nas palavras acima citadas. No entanto, peço ao seu coroção licença (como o poeta Pedro Salomão pede aos seus leitores) para que possa compartilhar percepções do meu coração. A presente reflexão tem o teor mais filosófico, em seu sentido vivencial e existencial, do que propriamente teológico e/ou religioso.
Jesus, analisando o contexto de suas palavras, está falando sobre a sua segunda vinda a terra. Seu retorno após cumpriu o sacrifício e elevar-se ao céu. Descreverei, agora, o texto de Mateus detalhadamente. Em seguida vou compartilhar com você algo que chamou-me atenção, ao debruçar-me nele em uma manhã da quarentena. Jesus inicia descrevendo os acontecimentos da realidade, a respeito do sol, da lua, das estrelas e dos poderes dos céus (aqui podemos supor que são as leis que rejem o espaço). Em seguida menciona o sinal de sua vinda nos céus e após isso o lamento, que inclui pessoas de todos os povos, ao verem todos esses acontecimentos. E por fim cita a reunião de todos seus escolhidos pelos seus anjos.
O que deixou-me admirado nisso tudo foi: quando Jesus adentra a realidade, tudo e todos que fazem parte dela são abalados. Mas por que isso acontece? Logo veio-me a mente a cena de Jesus, depois de ressuscitado, encontrando-se com seus discípulos em um local que estava com as portas fechadas (Cf. João 20.19). Desse modo, Jesus atravessou portas/paredes para se encontrar com seus discípulos nessa ocasião. Jesus em ambos os contextos não está sujeito a realidade. Em se tratando da sua vinda, Ele não apenas não está subjugado pela realidade, mas abala as estruturas daquilo que é real, pois é o ser que torna tudo - e todos- a serem o que são.
Quando Jesus adentra a realidade, o sol, com toda a sua potência, perde a sua utilidade e já não ilumina mais. A lua, na ausência do sol, não tem claridade e perde seu sentido de ser – luminar – em meio a escuridão. As estrelas caem do firmamento, pois não há leis da física que permaneçam intactas e não sejam abaladas. As pessoas se lamentam, pois não compreendem Quem possa ser esse Alguém que irrompe os céus com poder e gloriosamente destitui todas as estruturas do espaço, tempo, matéria e energia, que são devidamente conhecidas por elas. Há temor, pois não há conhecimento desse Ser que é capaz de fazer com que as leis da realidade sejam completamente desestruturadas.
O que Jesus faz quando se coloca dentro da realidade, em sua vinda, é algo natural. Pois sendo Ele quem chama todas as coisas a serem, incluindo aspectos fundamentais da realidade – espaço, tempo, matéria e energia. Não há o que subjugá-lo em sua essencialidade. Não há o que sujeitar o seu Ser sem que seja abalado. Aspectos e estruturas se dissolvem e perdem o seu devido valor. Devo dizer que fiquei um tanto extasiado ao refletir sobre essas particularidades mencionadas. E logo em seguida percebi uma correlação da vinda de Jesus, em sua plenitude, mencionada pelo próprio Jesus em Mateus.
Correlação essa com a entrada de Jesus na vida de qualquer pessoa. Parece que Ele também faz o mesmo abalo em nossas estruturas. Quando Jesus adentra nas nossas vidas: 1) O que era um bom caminho já não tem o mesmo valor; 2) O que eram verdades valorizadas como tais, perdem os seus sentidos de serem. 3) O que era uma vida boa de se viver já não é mais uma vida bela. A meu ver, Jesus faz em nós o que Ele fará com a realidade física quando vir novamente. Desestrutura nossa realidade interna, abalando nossos valores reais pelos seus valores essenciais. Valores esses que não se preocupam em retribuir os tapas que o mundo possa dar ou amontoar riquezas para ser contente. É vida e contentamento que brota do interior da gente!
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